A importância da Fisioterapia específica na Doença de Parkinson

A importância da Fisioterapia específica na Doença de Parkinson

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa progressiva caracterizada pela diminuição de um neurotransmissor, a dopamina. Esta diminuição é provocada pela degeneração dos neurónios dopaminérgicos de uma região específica do cérebro chamada substantia nigra.

As tarefas motoras que executamos, por exemplo, andar dependem, normalmente, da interação entre o controlo inconsciente (mais automático) e do controlo consciente do movimento. No caso das pessoas com DP, a falta do neurotransmissor dopamina leva à diminuição do controlo automático dos movimentos e ,consequentemente, ao aumento da necessidade de maior controlo consciente dos movimentos motores. Ou seja, para realizar o mesmo movimento, as pessoas com DP necessitam de recrutar e manter uma maior carga consciente. 
Para ultrapassar este problema, é utilizada a medicação, como forma de repor a dopamina no cérebro aliviando os sintomas motores da doença. Contudo existem determinadas alterações que a medicação não consegue controlar por si só, como por exemplo as limitações na marcha ou no equilíbrio, sendo sugerida associação da medicação com o exercício/fisioterapia.

A fisioterapia é importante pois o exercício tem-se revelado um componente efetivo no aumento do desempenho e qualidade de vida das pessoas com Parkinson, especialmente quando realizado nas fases iniciais e intermédias da doença.
Isto acontece principalmente devido a três factores, ao aumento da síntese da dopamina, à neuprotecção neuroplasticidade.
Com a prática de exercício físico específico é possível alterar a função cerebral de forma a aumentar a síntese de dopamina. Se é produzida mais dopamina será consequente uma redução da sintomatologia.
Outro benefício do exercício físico é a neuroprotecção, que acontece em todos os indivíduos que praticam exercício físico e veio a provar-se que também se verifica em doentes de Parkinson. Este é o efeito que protege a morte dos neurónios, evitando que a sua falta seja cada vez maior. 
Resta a neuroplasticidade que é uma adaptação do cérebro que permite o reforço, reparação e formação de circuitos neuronais. Efectivamente, a evidencia mais actual comprova que o exercício físico de alta intensidade melhora a capacidade do cérebro se alterar para dar melhores respostas às novas exigências.

Dentro da neuroplasticidade existe ainda o fenómeno de neurogénese, ou seja, o processo de formação de novos neurónios no cérebro, que também fica facilitado com a prática de exercício físico adequado. Isto acontece, maioritariamente, devido ao aumento da expressão de factores neurotróficos e é realmente importante, pois permite colmatar a falha dos neurónios que tinham degenerado. 
Os benefícios da fisioterapia específica para a doença de Parkinson, traduzem-se também ao nível dos sintomas motores e não-motores (cognitivos e complicações). De entre os variados aspectos em que a fisioterapia específica para a doença de Parkinson pode ajudar salientam-se:

capacidade física e dor: melhorias em termos da redução da fadiga e aumento da resistência ao esforço e melhoria nas sensações dolorosas;
transferências: melhoria da capacidade de realizar tarefas do dia-a-dia como sentar e deitar;
equilíbrio: melhoria tanto ao nível da performance como da capacidade de equilíbrio;
marcha: com aumento da velocidade, do comprimento do passo e da resistência na marcha;
– função do membro superior: melhoria da função da mão como o segurar e agarrar objectos;
medo de cair e quedas: redução tanto do medo de cair como do número de quedas.

Assim, é possível melhorar a qualidade de vida dos doentes de Parkinson com a Fisioterapia Específica, que se foca não só em prescrever exercícios para obter alterações ao nível físico, mas também, em obter alterações em termos cerebrais e assim conseguir modificar a progressão da doença em indivíduos com doença de Parkinson, retardando a progressão natural da doença. É importante referir que como se trata de uma doença degenerativa progressiva o exercício deve manter-se ao longo do tempo.

Gabriela Fonseca e Tânia Maurício* (2016) A importância da Fisioterapia específica na Doença de Parkinson. Revista Parkinson, n.º32, 2016.

*Fisioterapeutas