A disfagia é a alteração da deglutição, que se define por dificuldade na preparação oral dos alimentos ou no ato de os transportar desde a cavidade oral até ao estômago.
A deglutição ou ato de engolir é uma função neuromuscular responsável pelo transporte dos alimentos desde a boca até ao estômago. Quando existem alterações na deglutição, estas são definidas como disfagia orofaríngea, apresentando sinais e sintomas específicos. Estes caracterizam-se por alterações em qualquer fase e/ou entre as etapas do processo de deglutição.
A deglutição é uma ação neuromuscular complexa, que envolve proprioceção, sensibilidade, tónus, velocidade, precisão, amplitude e coordenação de movimentos, na qual, naturalmente, os músculos assumem um papel determinante. Esses músculos podem ser atingidos pela rigidez e lentidão características da doença de Parkinson, trazendo dificuldades em mastigar e/ou engolir seja saliva, alimentos ou comprimidos.
As alterações podem ser congénitas ou adquiridas após comprometimento neurológico, com afetação dos aspetos nutricionais, de hidratação, função pulmonar e integração social.
Segundo dados de 2011, a prevalência da disfagia era de 52% a 82% nos doentes de Parkinson, tornando-se esta uma das populações de risco em cerca de 30 a 50%.
Importa ainda referir que a disfagia pode levar a infeções respiratórias, provocadas pela entrada de alimentos nos pulmões, uma vez que a faringe, por onde passam os alimentos, as vias respiratórias, por onde passa o ar, se encontram lado a lado. Sendo que o encerramento de qualquer uma das vias ocorre pela ação muscular e por ser indispensável a coordenação de movimentos, para que não ocorra passagem de alimentos e/ou saliva para as vias aéreas, é importante estar alerta para qualquer alteração na mastigação e/ou deglutição por parte dos doentes de Parkinson.
A Voz, a Fala e a Expressão Facial
Para além de alterações na deglutição, os doentes de Parkinson podem deparar-se igualmente com comprometimentos na Voz, na Fala e na Expressão Facial.
Relativamente à voz, um dos sintomas é a perda de volume, que surge de forma gradual e sem que o doente se aperceba. A voz poderá apresentar-se igualmente fraca, rouca, nasal ou monótona. A fala tende a ser imprecisa, o discurso demasiado lento ou demasiado rápido, o que dificulta o seu início e compromete a sua clareza. Por último, a expressão facial também é diminuída, havendo dificuldade em exprimir sentimentos e transmitir informações, o que afeta indubitavelmente a comunicação.
Quando procurar o Terapeuta da Fala?
No momento em que as suas capacidades vocais, de fala, deglutição ou expressão, demonstrarem alterações.
Sinais de alerta:
– As pessoas pedem para repetir o que disse ou para falar mais alto;
– Cansa-se depois de falar;
– Presença de tosse ou engasgamento no momento da alimentação;
– Dificuldade em mastigar;
– Dificuldade em articular as palavras;
– Alterações vocais.
Ana Filipa Costa* (2016). Revista «Parkinson» n.º 32 de 2016
* Terapeuta da Fala
