Como escolher os auxiliares de marcha na Doença de Parkinson?

Como escolher os auxiliares de marcha na Doença de Parkinson?

Os estudos mais recentes demonstram que 30 a 50% das pessoas com Doença de Parkinson (DP) abandonam o seu auxiliar de marcha pouco depois de iniciar a sua utilização, o que levanta algumas questões, nomeadamente acerca da sua eficácia, da pertinência da prescrição, do uso ou treino adequado ou ainda, da utilização de equipamento sem prescrição.

Na verdade, os auxiliares de marcha podem por vezes piorar a marcha ou aumentar as quedas, se não forem selecionados, usados e ajustados corretamente. Também, a utilização prolongada destes equipamentos, especialmente canadianas, pode originar lesões de stress nas articulações dos membros superiores, tais como tendinites, osteoartrite ou síndrome do túnel cárpico.
Sendo assim, torna-se necessário avaliar de forma contínua as capacidades físicas e cognitivas necessárias para controlar os diferentes tipos de equipamento.

EXISTEM 3 TIPOS DE AUXILIARES DE MARCHA:
1. Bengalas e bastões de marcha – prescritos para doentes com nível moderado de incapacidade. No caso de posturas muito inclinadas para frente devem utilizar bengalas mais compridas. 
Pirâmides de 3 ou 4 pé – Podem garantir um maior suporte, mas por terem uma base mais larga os doentes podem tropeçar no equipamento. Deve ser leve, resistente e ajustado em altura.
Bengala com laser – inclui uma pista visual que pode ajudar a ultrapassar a hesitação no início da marcha e “freezing” em off, mas ainda não foi demonstrada ser verdadeiramente eficaz.
Bengala em forma de L ou bengala invertida – pode ajudar a ultrapassar a hesitação e freezing em off para alguns doentes. No entanto, a peça que é colocada na extremidade pode não ser segura, porque os doentes também podem tropeçar nela.

2. Andarilhos – São prescritos quando a bengala já não providencia o suporte adequado.
Quatro pés sem rodas – Riscos: Os doentes podem cair para trás e continuam agarrados ao andarilho. Pode não ser útil na festinação e na propulsão. Pode aumentar o freezing.
Rodas na frente e dois pés – São um pouco mais úteis na DP, mas parece não ter um efeito positivo sobre o freezing.
Andarilho de 4 rodas – É o sistema mais moderno, roda e vira suavemente e requer pouco esforço do utilizador. Dobra-se facilmente para colocar num veículo. É seguro apenas com travões e possível utilizar na maioria dos doentes de Parkinson com boa adesão à sua utilização.
Andarilho de 4 rodas em forma de U com laser – para doentes com hesitação da marcha ou freezing.


 3. Cadeiras de rodas eléctricas e scooters – Prescrito para doentes que não se conseguem deslocar-se por longos trajetos devido ao freezing, à diminuição de tolerância ao esforço ou perda de equilíbrio. Estes equipamentos motorizados podem dar aos doentes maior autonomia, principalmente no exterior. Embora úteis, em Portugal a sua utilização é limitada, principalmente devido às barreiras arquitectónicas frequentemente encontradas. Deverá ser estudada a possibilidade da sua utilização, no contexto real de cada doente. 

Josefa Domingos* & Alice Pinho** (2013) Como escolher os auxiliares de marcha na Doença de Parkinson. Revista Parkinson, n.º13, 2013.

*Fisioterapeuta Investigadora do Instituto de Medicina Molecular
**Fisioterapeuta da APDPk